Recentemente o discurso de que as criptomoedas estariam ajudando a facilitar o tráfico internacional de pessoas e à lavagem de dinheiro voltou a ganhar força, impulsionado por David Murray, vice-presidente de desenvolvimento de produtos e serviços da Financial Integrity Network, que se apresentou no começo do mês ao Subcomitê de Segurança Nacional e Comércio Internacional e Finanças, parte do Comitê Bancário do Senado dos EUA.
Segundo Murray, “os ativos virtuais são vulneráveis a financiamento ilícito porque oferecem uma solução rápida e irrevogável e o potencial de anonimato” e por essa razão, recomendou que o Congresso crie uma nova classe de instituições financeiras regulamentadas conhecidas como “validadores de transações de ativos digitais”, ou seja, as mineradoras de criptomoedas.
Murray ainda afirma que “a tendência de sistemas descentralizados e autônomos ameaça nossa capacidade de controlar o acesso ao sistema financeiro dos EUA.”
O ex-diretor do Gabinete de Finanças Ilícitas do Departamento do Tesouro, defende que a mineração, hoje não regulamentada pela Lei de Sigilo Bancário (BSA), passe a ser a “guardiã de sistemas de ativos virtuais se forem incluídos no escopo da BSA”, administrando quem pode participar das redes de mineração e examinar quaisquer emissores, bolsas e custodiantes que eles atendam.
Além de Murray, o Procurador-Geral do estado de Nebraska, Douglas Peterson e a Senadora do mesmo estado, Julie Slama, mencionaram o uso de criptomoedas pelo tráfico humano em suas observações.
Discurso fraco
O discurso de Murray incita o medo à tecnologia, fazendo a população acreditar que as criptomoedas servem apenas como um método de financiamento para o tráfico internacional humano, ignorando todo os benefícios que as moedas digitais trazem à cidadãos de países em crises, e toda ajuda humanitária que a comunidade cripto realiza.
O Eatbch, como exemplo, que é um “Sistema Eletrônico de Distribuição de Dinheiro para Comida”, coleta doações em BCH para alimentar pessoas famintas em regiões do mundo com dificuldade econômica. Além de outras iniciativas exemplares, como a Airdropvenezuela, Coins 4 Clothes e EFF, a verdadeira transformação que as criptomoedas trazem a todos é a da soberania financeira individual.
Contrastando as afirmações de Murray, de que se houvesse regulamentação das criptomoedas, elas seriam um pivô no combate às práticas financeiras ilícitas e no financiamento do tráfico de pessoas, existe um governo americano que estreita laços com países com regimes ditatoriais brutais.
O real medo de Murray é compartilhado pelo governo, o medo de que comunidades locais se autorregulem, de que o entendimento de autopropriedade individual e soberania econômica alcancem a massa crítica, evidenciando cada vez mais que o governo apenas se preocupa com a manutenção do controle da oferta monetária.